Frederico Ressano Garcia (1847-1911) encabeçou a primeira grande intervenção urbanística em Lisboa após a pombalina. Nascido em Lisboa, iniciou a sua formação em Engenharia na Escola Politécnica de Lisboa. Concluiu o curso em 1869, na École Imperiale des Ponts et Chaussées, em Paris, onde presenciou as grandes obras modernizadoras de Haussmann e obteve uma formação técnica actualizada.
De regresso a Lisboa, confrontou-se com os vários problemas de insalubridade da capital (inexistência de um sistema de esgoto, um mau parque habitacional e indústrias muito poluidoras), responsáveis por um sem número de doenças bem como na insuficiência na distribuição de energia, nos transportes e nas comunicações.
Em 1874, torna-se chefe da Repartição Técnica da Câmara Municipal de Lisboa, elaborando imediatamente um novo regulamento e uma restruturação da equipa técnica. Conseguiu levar a bom porto inúmeros projectos fundamentais para a melhoria das condições de vida dos lisboetas como novas vias (Avenida da Liberdade, as Avenidas Novas (actual Avenida da República, que faz a ligação ao Campo Grande), o prolongamento da Avenida 24 de Julho (de Santos a Alcântara), novos bairros (Campo de Ourique e Estefânia) e novas infraestruturas (as linhas de Cintura e de Sintra, a Praça do Marquês de Pombal, o Parque da Liberdade (actual Eduardo VII), a construção do mercado da Ribeira Nova, o Plano de Esgotos de Lisboa).
A sua acção foi muitas vezes criticada, já que estas intervenções só foram possíveis com a alteração e criação de nova legislação (como expropriações, demolições, novas regras de construção, estímulos à construção de habitação, controlo dos preços de venda e arrendamento e constituição de entidades empresariais (companhias concessionárias de água, gás, electricidade, telefone, carris e ascensores mecânicos) e elevados valores monetários.
Foi também sempre politicamente activo - filiado no Partido Progressista (desde 1879) -, tendo sido deputado e parte integrante de vários ministérios. Expressou também as suas motivações enquanto colunista no jornal O Progresso e no Diário Popular, onde escreveu sobretudo sobre finanças públicas. Faleceu em 1911, aos 64 anos de idade.